segunda-feira, agosto 29, 2005
sábado, agosto 27, 2005
ens et bonum et pulchrum convertuntur...
Originalmente falando, só de modo artificial e abstrato se pensaria a arte dos antigos separadamente de sua dimensão sagrada. Os
Seria interessante
A
— Quem sinceramente
A velha fórmula de Sileno é a cada dia mais real por aí: tudo o
Uma
Das Criancinhas
Não mais se trata de crianças, mas sim de criancinhas. O sufixo, aqui, não é mero diminutivo. Uma criancinha não é apenas uma criança pequena.
No começo do século passado, há algumas décadas, portanto, revistas ensinavam aos jovens truques a fim de que parecessem mais velhos e que suas barbas crescessem. Hoje, homens feitos se esforçam descomedidamente para voltar à adolescência, mulheres empenham-se para se tornar novamente garotinhas idiotas e está instalado o culto à infantilização.
À serenidade, experiência, cautela e precisão, os eternamente jovens propõem sua absoluta falta de comprometimento com uma identidade e uma incrível energia carente de qualquer projeto realizador.
Em uma realidade estroboscópica, de que adianta todo o conhecimento? Diante da aparente inutilidade de tudo o que se sabia, todos se tornam crianças perante a incapacidade de orientação, crianças que já nasceram demasiado velhas e que sentem, com revolta, que uma vida inteira será muito pouco tempo para brincar no play. Antes, crianças eram futuros adultos; hoje, adultos são crianças que cresceram demais. O mundo se torna uma Disney gigante da qual é praticamente impossível escapar.
Uma criança é um ser-humano que nasceu há pouco e se encontra nos primeiros anos de seu desenvolvimento. Uma criancinha é o emblema da Virtude, em uma humanidade que se acredita (não de todo sem motivos, é verdade) repleta de falhas e sem coragem e direcionamento para qualquer nova tentativa. Uma humanidade, enfim, que suspira por redenção embora não faça idéia de onde encontrá-la.
Uma vez que a Razão nos deu Treblinka e os Gulag, o culto se dirige à icônica falta de razão e superficialidade. O mundo quer se ver inofensivo, encher-se de compaixão, inspirar cuidados. Uma criancinha é tudo aquilo de ingênuo, inócuo e inútil que o mundo contemporâneo desejaria ser se ousasse desejar.
quinta-feira, agosto 25, 2005
Viúvas Profissionais
quarta-feira, agosto 24, 2005
'Os Cus de Judas'
Coincidentia Oppositorum
... música atonal, comida vegetariana, poesia concretista, cultura de massa, inteligência militar, televisão educativa, sexo virtual, teoria crítica, jornalismo imparcial, arte politizada, teologia da libertação, filosofia clínica, ética utilitarista, obra aberta...
Perto de nossa discreta excentricidade, os carnavais dos antigos são tão significativos quanto espirros de bebês.
Da falta de espelhos
Os
No
sábado, agosto 13, 2005
Quintana
Não desças os degraus do sonho
Para não despertar os monstros.
Não subas aos sótãos - onde
Os deuses, por trás das suas máscaras,
Ocultam o próprio enigma.
Não desças, não subas, fica.
O mistério está é na tua vida!
E é um sonho louco este nosso mundo...
Mario Quintana
terça-feira, agosto 09, 2005
Alguns sonhos intranqüilos...
Certo dia um tal senhor Samsa despertou indisposto. Homens, às vezes, abrem os olhos pela manhã como se tivessem despertado de nebulosos pesadelos. E olham para o sol, e olham mais e mais, porque decidiram que precisam se esclarecer. E continuam olhando para o sol até quase queimarem as retinas, voltam-se para dentro de seus quartos, olham para um quadro e mal percebem a moldura. Ai daquele que tentar ler um poema logo depois de olhar para o sol!
Um dia os homens passam a se achar muito importantes e iluminados e descobrem que não precisam de muita coisa que acreditavam precisar. Seus gostos mais delicados, seus autores preferidos, as guloseimas de sua infância, tudo ele acaba de descobrir como meras inutilidades. Esse homem se acha bastante forte simplesmente porque percebe agora que não precisa de Homero ou Beethoven para continuar vivendo.
Tudo o que é grande se torna apenas mais ou menos grande, relativamente grande, nem tão grande assim, não é mesmo?, e a grandeza é mais uma questão de gosto, afinal. E esse homem todo esperto e forte constata que a beleza e a profundidade são coisas absolutamente prescindíveis.
E quando esse grande homem passa a acreditar que continuaria sendo grande até mesmo em um deserto, sua existência imediatamente se torna num. O imbecil ri de sua força, sua independência e superioridade, ri sozinho no meio do silêncio de seu deserto, sem perceber que tudo o que tem na vida é areia e cactos.
Tanto mais se descobre que as coisas não são tão imprescindíveis, tanto mais a própria vida se torna algo bastante dispensável.
O bom e o mau Gutenberg
"Bestimmt, Erleuchtetes zu sehen, nicht das Licht"
segunda-feira, agosto 01, 2005
O 'como se' da indignação
A inclusão do como se poupa a humanidade de um exercício desgostoso: o olhar alheio, o inferno. O como se, ao mesmo tempo, preserva duas boas imagens que nos são caríssimas: a que temos de nós, a que temos dos outros. Eles vos tratam como se não gostassem de vós? Ora, meus amiguinhos, e de onde vem tamanha certeza de que gostam de fato? Removei o como se de vossa indignação e ela irá embora, sem solo em que se apoiar.
Mas aí resta a tristeza. Eu sei, eu sei, vós sois bons demais para ficardes tristes. Indignai vos, pois. Afinal, a indignação guarda dignidade.