"Bestimmt, Erleuchtetes zu sehen, nicht das Licht"
Mehr Licht, mehr Licht!, naturalmente, poeta. Contudo, tomemos cuidado, somos mortais. Há um limite depois do qual o excesso de luz turva e impede a visão. A sombra não se opõe à luz. Sem os discretos fragmentos de silêncio espalhados entre cada nota, as melodias imediatamente deixariam de existir. Página em branco, leiamo-la sob a clara luz, todavia não nos esqueçamos de que sem a tinta negra nada poderia ser lido. O homem que mirasse um bosque e o apreendesse inteiro, num só olhar, jamais conseguiria compreender o que é uma árvore. Como qualquer universalização exige o esquecimento de pequenas diferenças entre singulares, toda singularização exige esquecimento de outros singulares. Não fosse o esquecimento, sombra da memória, a realidade se revelaria tão plenamente concatenada, tão necessariamente inteira, que a mera tentativa de se pensar em algo se mostraria vã. Deus, ao olhar para o mundo, está condenado a ver uma tela infinitamente branca. Sombras colorem o mundo. Mais, mais luz, mas não nos esqueçamos, como o próprio iluminado poeta lembrou: nossa condição é estarmos determinados a ver o que é iluminado, não a luz.
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