Descaminhos: -

quinta-feira, dezembro 05, 2013

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O tapete do inferno se estira felpudo
com as lembranças que secas se empilham no chão,
com vaidades em montes crescentes que são
o sepulcro de um eu que dizia: 'não mudo'.

As paredes do inferno refletem, contudo,
o reverso real da maldita afeição.
Os diabos que brotam de mim sorrirão;
já não passa o pavor, mas no fundo eu saúdo

o medo de que não nos sobre um triz que acene
lampejos de um momento que se creu feliz;
de que a ansiada paz ao fim também gangrene,

ao que, no azinhavrado de um desejo gris,
desamparada murche a então nada solene
memória amarfanhada do que já se quis.

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