Descaminhos: A desventura dos batismos

quarta-feira, maio 30, 2007

A desventura dos batismos

O bom nome deve dar a conhecer a coisa nomeada; mas o que é esse conhecer? As descrições sempre padecem de uma tensão fundamental entre o impulso analítico e o genético: aquele, ávido por diferenciações, tenta fazer justiça a todas elas, mas acaba eclipsando o que há de essencial; esse, por outro lado, precisa deixa escapar algumas nuances e, sob o olhar do analítico, tornou-se até mesmo grosseiro, mas, com suas desajeitadas generalizações e metonímias, põe em jogo a radicalidade da questão.
Se por um lado a enumeração extensiva de propriedades não faz surgir a essência do definido, por outro a indicação da raiz é facilmente ignorada pelo glutão que se perde na admiração dos exuberantes e inumeráveis frutos, de variadas tonalidades, dimensões, texturas, aromas e sabores. O glutão deixa de enxergar a árvore tão logo embrenhe seu focinho nos galhos a devorar a diversidade dos frutos, pois se esqueceu de que as diferenças só podem ser especificadoras quando se reconduzem a gêneros próximos. Somente a generalidade do gênero enraíza e radicaliza a especificidade das diferenças. Sem o lastro genético, as propriedades não indicam nada de essencial: apenas mascaram-no.

7 Comentários:

Blogger Chico Buarque disse...

Eu achava mesmo que não mais te encontraria por aqui.

Não sei como, mas me perdi de você.

Uma vez pra nunca mais.

Um bjo da Fernanda Pires

12 de jun. de 2007, 14:51:00  
Blogger Chico Buarque disse...

Achei que você não se lembraria de mim.
Bom, se puder, me mande um e-mail dizendo por onde você anda... O endereço é fefepires@hotmail.com

Aliás, queria perguntar onde está o gnômo efêmero...

Saudades tb.

Bjo

28 de jun. de 2007, 20:04:00  
Anonymous Anônimo disse...

Olá, Gabriel
Vim na Google pesquisar qualquer coisa tipo "os homens devoram-se entre si" para argumentos pessoais entre amigos e descobri-o aqui.
Nossa, você escreve passionalmente bem! Fui lendo-o daqui até 2005.
Meus deliciosos deuses, como você escreve,pensa,filosofa, existe, pensa bem! Até me acabrunha!
Foi um prazer encontrá-lo.
Até qualquer esquina, qualquer hora,um dia, quem sabe.
Abraço-o demais.
Mariza

29 de jun. de 2007, 20:53:00  
Anonymous Anônimo disse...

Eu também achei que você tinha desistido. :-)

Ah, nomes. Acabo de voltar de Carroll, Humpty-Dumpty ("quando eu uso uma palavra, ela significa o que eu quero") e o Cavaleiro Branco (a canção, como a canção se chama e o nome da canção).

A tensão que você cita é a utopia lingüística de um significante que coincide totalmente com o significado, em que o genético e o analítico seriam a mesma coisa.

7 de jul. de 2007, 02:09:00  
Blogger Unknown disse...

Obrigada pela visita. Resolvi, a partir do próximo post, fazer algo mais denso, ou simplesmente transmitir melhor o que me ensinaram.

Sim... Já fomos apresentados - várias vezes. Cada apresentação tem um novo significado para mim, embora minhas atitudes não demonstrem.

24 de out. de 2007, 15:53:00  
Anonymous Anônimo disse...

Como eu já falei, gostei dos seus textos... :)principalmente do seu modo de escrever!
abraços

25 de out. de 2007, 01:47:00  
Blogger Refrator de Curvelo (na foto do perfilado, restos da reunião dos Menos que Um) disse...

Qual é o tamanho de algo que mereça a consideração genética, isso é, essencial? Me refiro, no caso, à árvore exemplar, sua versão dos campos de Berkeley.

Pronto. Comentei.

6 de mai. de 2009, 20:42:00  

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