Dos Superlativos
O que se diz não informa apenas sobre o que se diz, mas bastante sobre o que se cala. Tomai cuidados com os adjetivos superlativos: eles adulam insultando, e beijando cospem um misto de ressentimento e asco. Em uma tela negra, qualquer insignificante ponto branco é descrito como uma verdadeira mancha.
Prestai atenção à facilidade ladina com que os íssimos afloram às vossas bocas! Dizeis às pessoas, com toda a costumeira espontaneidade da estultícia, que são belíssimas, inteligentíssimas, ou demais adjetivos que o valham — já que todos se prestam à manobra —, mas sabeis, ou poderíeis sabê-lo se fôsseis mais sutis, que elas são apenas dignas dos adjetivos frugais, que não lhes pagassem tamanhas flexões, ou que no máximo, no melhor dos mundos possíveis, mereceriam um robusto intensificador. Superlativos nunca!, pois são sempre insultos velados. O que acontece, se me cabe explicá-lo, não é as achardes belíssimas, mas apenas bastante belas, simplesmente belas talvez, suficiente ou quase suficientemente belas em tantos outros casos, e no assombroso vácuo de outros quaisquer predicados a beleza que era ponto, às vezes mero cisco, revela-se a expressão máxima daquela medíocre qüididade.
O que de exagerado temos a dizer é apenas um subterfúgio para não confessarmos o vazio absoluto de outras coisas a serem ditas, quer esteja esse vazio no objeto elogiado, quer esteja, é bem verdade, em nós mesmos.
Prestai atenção à facilidade ladina com que os íssimos afloram às vossas bocas! Dizeis às pessoas, com toda a costumeira espontaneidade da estultícia, que são belíssimas, inteligentíssimas, ou demais adjetivos que o valham — já que todos se prestam à manobra —, mas sabeis, ou poderíeis sabê-lo se fôsseis mais sutis, que elas são apenas dignas dos adjetivos frugais, que não lhes pagassem tamanhas flexões, ou que no máximo, no melhor dos mundos possíveis, mereceriam um robusto intensificador. Superlativos nunca!, pois são sempre insultos velados. O que acontece, se me cabe explicá-lo, não é as achardes belíssimas, mas apenas bastante belas, simplesmente belas talvez, suficiente ou quase suficientemente belas em tantos outros casos, e no assombroso vácuo de outros quaisquer predicados a beleza que era ponto, às vezes mero cisco, revela-se a expressão máxima daquela medíocre qüididade.
O que de exagerado temos a dizer é apenas um subterfúgio para não confessarmos o vazio absoluto de outras coisas a serem ditas, quer esteja esse vazio no objeto elogiado, quer esteja, é bem verdade, em nós mesmos.
1 Comentários:
interessantíssimo!!!
hehehehe
Bjs,
Agnes
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