Talento é coisa de pouca monta. O deslumbramento que homens talentosos são capazes de causar em nossa época é sintoma nítido da vitalidade dessa doença antiga que nos aflige. Talento é quantidade adverbial e não adjetiva: diz de como é feito, mas muito pouco do que se faz.
Talento nada significa além da capacidade de penetração no espírito alheio. É meio e não fim. Como um carro desgovernado, quando o talentoso é pobre demais para ter algo além de seu talento, tudo o que pode fazer é empeçonhar. Um autor é tanto mais repugnante quanto maior é a distância entre seu grande talento e a vileza de seu espírito.
O talento está para certos autores como as asas estão para as baratas.
3 Comentários:
Minha frase é sem talento, pois é uma pergunta: se um "autor é tanto mais repugnante quanto maior é a distância entre seu grande talento e a vileza de seu espírito", quanto mais coincidirem a vileza (menor a distância)e seu talento, será o autor menos repugnante? Interessante esse pensamento de autores talentosos e vis não serem repugnantes...
Estava eu alegremente analisando o post sobre a saga dos jilós e as maravilhas da Natureza quando, por pruridos de curiosidade, resolvi-me a ler este comentário. Quão grande não foi a surpresa ao verificar que as palavrinhas da dona Cris bem servem como exemplo do que foi dito a respeito das leguminosas. Não, não creio jilós superarão as obras da humana raça. Todavia, a exemplo da amiga Cris, tenho a plena certeza de que um pé de alface, ou uma singela beterraba, têm tanto mais lógica em sua clorofila quanto demência nos argumentos da amiga mencionada. Portanto, meus caros confrades, sejamos mais humildes: que em sendo, tanto mais aprenderemos na quitanda da esquina.
Filhote,
Parece que sua exposição a respeito das leguminosas foi comprovada com pouca sombra de dúvida.
Que alegria ver que este espaço está revitalizado.
Saudades
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