A tolerância demoníaca
As multidões costumam pensar as forças do Mal como forças de dissociação. A imagem não é de todo falsa, mas tomai cuidado com ela, porque nem tudo o que corrompe a integralidade o faz por dissociação. Tende certeza de que em uma porca bricolagem de fragmentos de mundo um diabo se realiza muito mais do que em simples rupturas.
Por isso, prestai atenção e tomai cuidado com as vozes que, por toda parte, camufladas de pregações de respeito às diferenças, semeiam uma degenerada indiferença, uma cancerígena tolerância, pois existem dois caminhos para se conviver com a alteridade: a mútua colonização e a mútua aniquilação. Vós escolheis. A nobre compreensão da alteridade é sempre uma agonia, e é na diferença inefável e irreconciliável, nas sobras incompreensíveis, naquele certo desajuste incorrigível, lá é que habita o nobre respeito e a amizade.
Assim, se um tal vos diz com sorriso demente: ‘eu vos compreendo totalmente’, não hesiteis: atirai-lhe indignados no focinho uma sonora bofetada.
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