É curioso observar que sempre que se está a discutir sobre inteligência uma alma jornalística se ergue com voz de profeta descendo do monte e profere:
— É preciso lembrar que inteligência não é o mesmo que erudição… — e todos se entreolham com ar de quem se percebe idiota e balançam a cabeça como sinal de aquiescência irrestrita.
A observação insinua que uma é algo muito importante e admirável enquanto a outra não passa de papagaíce. É claro, é sempre por demais conveniente se lembrar dessa distinção quando se supõe inteligente e se é incapaz de cultivar o espírito. Termina-se por reproduzir, enfim, essa já odiosa imagem da nobreza e dignidade da ignorância.
Vale uma voz conciliadora: inteligência sem erudição é vazia, erudição sem inteligência é cega.
5 Comentários:
Ou, como dizia Confúcio, pensamento sem conhecimento é perigoso; conhecimento sem pensamento é inútil.
Vale para este comentário aquele famoso ditado alemão... Não, não vou traduzi-lo, pois isso obrigaria o uso de um provérbio do nosso idioma, e que aniquilaria o sentido grandioso do alemão: Es ist noch kein Meister vom Himmel gefallen
Antes da coragem para pensar por si, é preciso humildade e amor para receber. É preciso conhecer e amar a terra que se vai cultivar, porque cultivar tal terra é re-criar a nós mesmos.
Como já dizia o velho Platão, “é nisso mesmo que está o difícil da ignorância, o pensar, quem não é um homem distinto e gentil, nem inteligente, que lhe basta assim. Não deseja portanto quem não imagina ser deficiente naquilo que não pensa lhe ser preciso”.
O pior é quando se quer estender elasticamente o conceito de inteligência para abranger toda e qualquer gama de atividades ou "talentos". Assim surgem as múltiplas inteligências.
"Pelé é tão inteligente quanto Einstein,somente possui uma inteligência diferente."
Isso porque nosso igualitarismo besta não pode admitir que certas atividades são intrinsecamente mais elevadas que outras e que nem todos podem ser tão bons nessas atividades quanto são em outras.
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